Herói esquecido. A historia da praça do avião

Praça do avião. Sem avião e sem historia

Por vezes devemos fazer o resgate de historias esquecidas, uma dessas era a da “praça do avião” que não tem efetivamente nenhum avião (para minha decepção na época) somente uma historia amarelada em uma folha de jornal, que esta fazendo 50 anos agora dia 28 de novembro, pela dificuldade de encontrar tanto no site oficial da esquadrilha da fumaça como em outros locais digitais, resolvi pesquisar diretamente na biblioteca publica de Florianópolis e prestar uma ultima homenagem a um herói esquecido,

O Tenente–Aviador Durval Pinto Trindade que naquela manha de  terça-feira deveria estar chegando em sua casa na capital, voltando do Uruguai (A gazeta) juntamente com mais três wingman’s da esquadrilha da fumaça, no estado da Guanabara. Por azar teve de fazer uma parada na Base Aérea de Floripa, suficiente para serem convocados pelos seus superiores, para atender um capricho do Coronel Lara Ribas (comandante da policia militar na época) e fazerem uma apresentação, que acabaria sendo  fatal para o piloto trindade. Este piloto que se sacrificou levando a aeronave para o local mais seguro possível, ao invés de tentar saltar, poupando perdas civis.

Deste ato de heroísmo só sobrou uma singela homenagem na calçada da praça, e que por muito tempo tinha a data errada 28/11/1968!, e que foi corrigida a pouco tempo, não ganhou nem busto ou sequer o nome de uma rua.

Seque a transcrição da reportagem do dia 29 de novembro de 1961, do falecido Jornal O ESTADO, e que foi meu primeiro trabalho.  As fotos originais foram irremediavelmente perdias e estas obtidas a partir dos jornais da Biblioteca publica do estado.  Já que o arquivo com as fotos originais da sede do jornal foi abandonado e vandalizado. Tenho esperança que  alguma boa alma tenha guardado as fotos originais.

O ESTADO 29 de novembro de 1961

“O avião de prefixo T-6 -1336, pilotado pelo tenente – Aviador Durval Pinto Trindade, integrante da esquadrilha da fumaça, quando provinha de Pôrto Alegre, sofreu uma pane no motor, obrigando-o e outros três aparelhos a uma descida na base Aérea da capital. Aproveitando a rápida permanência dos famosos ases da aviação nesta capital, o comando da Policia Militar do Estado com vidou-os a fazer demonstrações. Já que no dia de ontem vários festejos marcaram a entrega de espadins aos novos Oficiais do Curso de Formação de Oficiais, mantido por aquela corporação. Sob o comando do Capitão -aviador Alaor Vieira de castro. A esquadrilha da fumaça, ontem, por volta das 9 horas começou suas evoluções sobre nossa capital, sob as vistas de milhares de pessoas.

Como se vê da foto, o avião ficou completamente destroçado
Como se vê da foto, o avião ficou completamente destroçado
O que sobrou do motor do avião, o T6
O que sobrou do motor do avião, o T6
Praça do avião. Residencia do Gal. Vieira da Rosa
Praça do avião. Residencia do Gal. Vieira da Rosa
Restos mortais do piloto da Esquadrilha da fumaça.
Restos mortais do piloto da Esquadrilha da fumaça.

‘As 9,35 horas, precisamente. Quando executavam uma manobra denominada de trevo, que na opinião do comandante Alaor é uma das mais fáceis, a fatalidade fez com que o avião do tenente Trindade. (27 anos, solteiro, residente na Guanabara), se chocasse com o avião do tenente Otto. Tendo o primeiro em velocidade espantosa, caído ao solo, na parte norte do Largo Benjamin Constant, zona central de Florianópolis. O avião do tenente Otto, muito embora tenha tido a asa direita danificada (perdeu 50 centímetros), conseguiu manter-se no ar e aterrissar na base Aérea, são e salvo.

Atingido o avião sistrado.

Desgovernado, baixou vertiginosamente, rompendo fios de alta tensão e batendo no solo, projetou-se contra a residencia do Gal. Vieira da Rosa, derrubando uma das paredes fronteiras e indo cair nos terrenos de fundo da casa do Sr. Miguel Malter. O aparelho ficou completamente destroçado, reduzido a um montão de ferro retorcido.

Graças a presença de espirito do piloto, todos os dispositivos que poderiam ocasionar fogo no aparelho, pondo em perigo centenas de vidas, quando viesse ao solo, foram desligados. Do corpo do tenente Trindade ficou somente uma massa informe, com vários membros destacados do corpo. Ao local acorreram varias autoridades civis e militares. O corpo de bombeiros da capital trabalhou eficientemente e soldados da policia militar agiram de pronto, evitando que populares dificultassem os trabalhos de remoção do cadáver e dos destroços. Após permanecer no quartel da policia militar o corpo foi levado para o destacamento de base Aérea, aonde ficou em câmara ardente, aguardando o momento de seguir para a Guanabara. À Base compareceram além de enorme numero de autoridades o Sr. Gov. Celso Ramos”

Raro filme dos Tê meia passando em baixo da ponte Hercílio Luz

 

5 respostas para “Herói esquecido. A historia da praça do avião”

  1. Muito obrigado é sempre bom ver pessoas de verdade comentando, Desculpe se demorei muito em aprovar os comentários pois tinha mais de 20 bots todo dia e acabei cansando!
    Infelizmente a memória anda fraca por aqui. Podemos começar a uma campanha para resgatar esta historia!

  2. Parabéns por resgatar a memória de um episódio marcante para a história de Florianópolis, como também, para a da aviação brasileira.

    Eu ingressei na EPCAR EM 1965, mas desconhecia esse fato.

    Apesar de triste, a investigação do acidente serve-nos para previnir futuros acidentes.

    Luciano

  3. A nossa famosa Esquadrilha da Fumaça já teve em sua história vários acidentes causados pelas manobras arriscadas que realizam até hoje.

    Tive o privilégio de conhecer vários deles, inclusive o Oto , a que sempre admirei.

    A todos, passados e presentes, minha admiração e respeito. MB Hermano

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *